2.5.06

Sociólogo extremista discute causas do extremismo

O sociólogo João Teixeira Lopes defende que "a maior parte dessas situações está ligada à questão da chamada "geração bloqueada". "Isto é uma situação em que aos jovens lhes resta apenas uma carreira de precaridade, estatutos intermitentes, provisórios e muito frágeis em que não há, de forma alguma, uma ideia de emprego certo, de estabilidade, em que não há possibilidade de se emanciparem da casa dos pais, de terem uma vida própria, de poderem viver com alguém do ponto de vista afectivo", explica. "Todo esse bloquear desta geração conduz a sentimentos de profunda frustração, que nos casos em que se liga à exclusão social mais extrema, pode degenerar em movimentos deste tipo".

Teixeira Lopes acredita que muitos dos jovens que aderem a grupos de extrema-direita não são "skinheads" não têm uma "ideologia nazi ou fascista". "Muitas vezes não é consciente". "É um acto de raiva difusa, de violência e não tem uma fabricação ideológica", sustenta.

Temos assim que, não só há extremismos politicamente incorrectos (que urge analisar e controlar) e extremismos politicamente correctos (que não suscitam qualquer preocupação apesar de gozarem de uma implantação muito superior), como também é considerado razoável que sejam os adeptos do extremismo tido como politicamente correcto a pronunciar-se sobre as alegadas causas e perigos do extremismo politicamente incorrecto.

Fica pelo menos a esperança de que, quando João Teixeira Lopes se refere às adesões de jovens a movimentos extremistas como sendo actos de "raiva difusa" e "de violência", esteja a descrever correctamente as motivações da maior parte dos apoiantes do Bloco de Esquerda. Se assim fôr, a parte da "fabricação ideológica" ficará a cargo de um reduzido número de fiéis (hoje mais ou menos envorgonhados) de Mao e Hoxha que manipula habilmente as frustrações e limitações dos jovens da "geração bloqueada".