24.7.06

Sobre a resistência ao mal

De acordo com o poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), a maior astúcia do Diabo é convencer-nos de que ele não existe. Deixando à parte as inclinações satanistas de Baudelaire, de fato a maior artimanha e camuflagem que a personificação do mal pode utilizar é exatamente essa. Como disse o ex-padre jesuíta Malachi Martin (1921-1999), descrer é desarmar-se, já que a não aceitação da existência do mal nos torna incapazes de resistir ao próprio mal.

(...)

Quando compreendemos que o mal existe e se manifesta, podemos resistir a ele. Por outro lado, quando negamos a sua existência, seja através da caracterização do Diabo como superstição tola ou crendice medieval, seja através do sofisticado relativismo moral que anda tão em voga nos meios acadêmicos dominados pelo antropologismo e desconstrucionismo, abandonamos toda possibilidade de fazer frente às suas manifestações e nos rendemos ao horror, à destruição e à perversão.